sábado, 10 de outubro de 2015

Bolsista do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes da Biblioteca Nacional (PNAP-R), Silvana Jeha teve a ideia de pesquisar sobre a história da tatuagem no Brasil em função de uma pequena seção de sua tese, cujo tema é: os marujos e recrutas da Armada do Império do Brasil.

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A pesquisadora Silvana Jeha no Gabinete da Biblioteca Nacional.
A pesquisadora Silvana Jeha no Gabinete da Biblioteca Nacional.
De acordo com a pesquisadora, a história da tatuagem no Brasil, e em diversos países, até a década de 1980, está ligada a grupos marginalizados e não há registros sistematizados fora dos arquivos médicos e policiais – presídios, manicômios e institutos médico-legais. Por isso, um acervo de grande abrangência, como o da BN, é fundamental para realizar uma pesquisa dessa natureza: “não poderia fazer tal pesquisa, não fosse uma instituição que abriga tanto material plural sobre o tema”, comenta Silvana.
“Com o acervo da BN pude esboçar os principais grupos de tatuados no Brasil antes da popularização da tatuagem no ocidente, a partir da década de 1970. São indígenas, africanos, imigrantes sírio-libaneses, japoneses, portugueses, prostitutas, trabalhadores, religiosos, marinheiros, soldados, prisioneiros, usuários de manicômios e personagens únicos. O desafio principal é justamente apresentar a tatuagem como um traço da cultura popular do Brasil nos últimos dois séculos”, relata a bolsista.
No período do século XIX, Silvana Jeha levantou centenas de anúncios de fugas de escravos para entender quais eram as escarificações (incisões superficiais na pele) que marcavam os indivíduos das diversas sociedades africanas que vieram para o Brasil. No final desse século, a partir de uma crônica de Machado de Assis publicada na Gazeta de Notícias, baseada em uma notícia de assassinato cujo suspeito era tatuado, ela reconstituiu a cena do crime, bem como as diversas informações do possível assassino, pesquisando em notícias de quatro jornais.
“Mas nem só nos periódicos estão os tesouros. No acervo iconográfico há diversas gravuras de escarificações de africanos, inclusive do século XVIII. Entre os manuscritos, encontrei o famoso texto “Tatuagem no Rio”, de João do Rio, que pode ser lido no original através da BNdigital. E no acervo de Obras Gerais consultei preciosidades bibliográficas da primeira metade do século XX”, conta a pesquisadora.
Silvana Jeha é doutora em História pela PUC-Rio (2011), onde defendeu a tese A galera heterogênea: Naturalidade, trajetória e cultura de recrutas e marinheiros da Armada Nacional Imperial do Brasil, c. 1822 – 1854. No mestrado, estudou as chamadas guerras justas contra botocudos e kaingangs no século XIX. Realizou diversas pesquisas textuais e iconográficas para o mercado editorial, bem como redação de livros de divulgação. Trabalhou com temas relacionados a presidiários e publicou dois artigos sobre marinheiros, um deles acerca de diários de marujos norte-americanos no Rio de Janeiro no século XIX. Em um CD-ROM da FIOCRUZ, publicou um artigo sobre a história de um barbeiro sangrador congolês e sua família no Rio de Janeiro oitocentista, que sairá em livro este ano.

REFERÊNCIAS

A pesquisadora Silvana Jeha separou algumas referências interessantes sobre o assunto, todas elas no acervo da Biblioteca Nacional. Veja a seguir:

AFRICANOS

CRÔNICAS

REPORTAGENS

IMAGENS RELACIONADAS

O Correio Paulistano de 5 de agosto de 1927 traz matéria ilustrada

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