Em uma de suas
fábulas, Esopo conta a história de um galo que após intensa disputa derrotou o
oponente, tornando-se o rei do galinheiro. O galo vencido, dignamente,
preparou-se para deixar o terreiro. O vencedor, vaidoso, subiu ao ponto mais
alto do telhado e pôs-se a cantar aos ventos a sua vitória. Chamou a atenção de
uma águia, que arrebatou-o em vôo rasante, pondo fim ao seu triunfo e à sua
vida. E, assim, o galo aparentemente vencido reinou discretamente, por muito
tempo. A moral dessa história, como
próprio das fábulas, é bem simples: devemos ser altivos na derrota e humildes
na vitória. Humildade não significa pedir licença para viver a própria vida,
mas tão-somente abster-se de se exibir e de ostentar. Ao lado da humildade, há
outra virtude que eleva o espírito e traz felicidade: é a gratidão. Mas
atenção, a gratidão é presa fácil do tempo: tem memória curta (Benjamin
Constant) e envelhece depressa (Aristóteles). Portanto, nessa matéria, sejam
rápidos no gatilho. Agradecer, de coração, enriquece quem oferece e quem
recebe. Em quase todos os meus discursos de formatura, desde que a vida começou
a me oferecer este presente, eu incluo a passagem que se segue, e que é
pertinente aqui."As coisas não caem do céu. É preciso ir buscá-las. Correr
atrás, mergulhar fundo, voar alto. Muitas vezes, será necessário voltar ao
ponto de partida e começar tudo de novo. As coisas, eu repito, não caem do céu.
Mas quando, após haverem empenhado cérebro, nervos e coração, chegarem à
vitória final, saboreiem o sucesso gota a gota. Sem medo, sem culpa e em paz. É
uma delícia. Sem esquecer, no entanto, que ninguém é bom demais. Que ninguém é
bom sozinho. E que, no fundo no fundo, por paradoxal que pareça, as coisas caem
mesmo é do céu, e é preciso agradecer
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