terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O GATO ADVOGADO

Trilussa

(Tradução de Paulo Duarte)


A coisa foi assim: a Tartaruga,

saindo em busca de um lugar seguro

para dormir tranquilamente, estuga

o passo, tropeça e cai ao pé do muro.

O pior de tudo é que, ao escorregar,

ficou de casca e pernas para o ar!






A uma Cadela que se achava ao lado

pediu ajuda, sob a condição

de regalá-la com um frango assado

que ela vira na casa do patrão.

Aceita a condição, de boa fé,

a Cadela ajudou-a a pôr-se em pé.






- E o frango? Reclamou depois. - Hein? Qual?

- O frango do contrato! - Que contrato?

- Ah! Não se lembra agora? É natural!

Mas eu vou me queixar ao velho Gato,

contarei tudo tim-tim por tim-tim,

e veremos se a coisa fica assim!






O Gato, que era um ótimo advogado,

inteira-se da estória e fala: - Penso

que se trata de um caso delicado;

não é questão apenas de bom senso

e, em certas coisas, como diz Horácio,

"Promissio boni viri est obligatio".






Porém vejamos, antes que me exprima,

se, posta a Tartaruga ao mesmo jeito

antigo, isto é, de ventre para cima,

sustenta ou não o compromisso feito;

veremos se se trata de moral

só válida em decúbito dorsal.






Assim foi feito. E a Tartaruga, agora,

posta diante do fato mais concreto,

diz, com minúcias, onde, há meia hora,

se achava o frango. E o Gato circunspecto:

- Para confirmação do depoimento,

converto em diligência o julgamento...






Regressa o Gato ao fim do dia: - Os nossos

argumentos valeram, diz radiante.

- Bravo! aplaude a Cadela. E o frango? - Os ossos

já se acham ao dispor da querelante,

quanto à carne, conforme texto expresso,

esta ficou nas custas do processo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O verdadeiro salto alto do futebol

Finalmente descobriram o verdadeiro salto alto do futebol...